Minha gravidez foi tranquila, me mudei duas vezes, fazia faxina praticamente todo santo dia pois eu tinha uma disposição enorme , e tinha uma casa de dois andares para cuidar um super quintal e uma cadela labrador ( Tipo o Marley) com o nome de ludymilla que não parava quieta, então foi um agito só.
Minha ultra de 6 meses foi quando ele apareceu, por que desde do meu útero ele já fazia graça, mudava de posição, colocava o cordão na frente, enfim fazia as gracinhas dele, mas pode parecer clichê mas eu sabia que seria menino, pois eu não me imagino nem nunca me imaginei mãe de menina, sou bruta, dou empurrão, mordo, aperto e lá no fundo eu sempre soube que meu filho seria Nathan, tanto que se fosse menina o pai escolheria o nome e não me importava qual fosse, me senti radiante, sai da ultra sonografia grávida, e comecei a me comportar como uma: Sol da baixada ? nem pensar, Calor de mais? guarda chuva, Roupa ? só bata e vestido largo, e foi nesse exato momento que minha barriga começou a aparecer e eu a crescer, crescer e crescer feliz da vida, a disposição como eu disse antes, ótima, o sexo? maravilhoso e nem vem com esse papo de homem que pode machucar o bebê pois é capaz da gestante matar você, gestante quer sexo o tempo todo!
Uma semana antes eu ja comecei a perder liguido, eu a essa altura já me olhava no espelho e constatava, PQP... Essa criança vai TER que sair de qualquer jeito, e comecei a entrar em pânico, essa hora já não dormia deitada, o Nathan me queria sentada virada para o lado direito e assim eu fiquei o meu mês de julho inteiro.
Meu trabalho de parto começou depois de um churrasco... Eu enjoo fácil com churrasco mas particularmente nesse dia 24 de julho eu cai dentro da linguiça, comi muitoooo, tudo o que ele não me deixou comer ele abriu exeção nesse dia, linguiça e fanta uva, uma delícia, era um domingo e lá em casa sempre tinha churrasco, ás vezes para 6 pessoas mas sempre tinha, depois do churrasco, deixei o quintal de qualquer jeito pois a disposição de antes já não existia mais,subi para dormir...
Tive um sonho... Estava eu em casa sonhando que estava com cólica e dizendo para mim mesma que não iria para escola, acordei assustada e demorou uns 5 seg para conseguir respirar, continuei deitada pois achei que fosse coisa passageira ( afinal Nathan era para nascer dia 10 de agosto) relaxei mas não dormi, aí veio outra, nossaaaa, eu só de imaginar essa dor me arrepio, como as contrações estava bem espaçadas resolvi tomar banho, me arrumar, arrumar minha bolsa ( que já estava completamente pronta) e aí sim informar ao pai o que estava acontecendo.
Eu sentada, respirando calmamente me pedia calma o tempo inteiro estava ficando irritada, esqueceu de trancar a porta de prender o cachorro e de pegar a bolsa do bebê, antes eu tivesse pego o ônibus e atravessado a via light a 1 hora da manhã sozinha, essa necessidade que homem tem de nos ensinar a respiração cachorrinho na hora do trabalho de parto é irritante, para eles é querer ser útil , para gente não funciona merda nenhuma, passar a mão na nossa cabeça, apertar minha mão ou falar palavras carinhosas não cola nessa hora, nesse momento nós vemos os homens como causador de todo o nosso sofrimento, eu me lembro de ter pensado : - Quando que eu quis um filho com esse cara mesmo ???
Cheguei no hospital, de cadeira de rodas ( o que eu achei péssimo, pois andando eu chegaria mais rápido ao consultòrio ) coloquei avental, e levei um toque, a médica era pequena, delicada e loira mas o dedo dela era grosso e comprido imagina vocês rapazes?
Um ônibus querendo sair e uma van querendo entrar em nossa vagina, esclareci ? esse é o toque no trabalho de parto.
Estava com 1 cm de dilatação e tentei me distrair de todas as maneiras para não imaginar os 10 cm ...
E daí clareou o dia, começou um foguetório por ser segunda, e ter uma merda de uma formatura no HCE, e ainda era dia de são cristovão , levei mais um toque e durante a madrugada TODA dilatei mais 2 cm, eu achei que ele já teria nascido a essa altura mas nada, graças ao estoque de linguiça que eu tinha feito não estava com fome, e mesmo se tivesse, estava em dieta ZERO, comer nem pensar, ainda tinha que aquentar os toques dos médicos e estagiários da obstetrícia me dando dedada a todo momento, eu contei, e foram 7 ao total sempre de pessoas diferentes, foi praticamente um estupro!
Existe uma droga no trabalho de parto que ela é uma bosta... OCITOCINA ela é que fica fazendo força empurrando o ônibus para ele sair da nossa vagina e eu tomei soros e soros dela, já não aguentava mais tanto empurra , empurra, respira , respira e calma, calma. Havia um ônibus querendo sair de um bueiro e parece que só eu me dava conta disso. Eu queria que me deixassem pegar minha bolsa e levar meu filho comigo dentro da minha barriga, queria deixar o parto para outro dia que eu estivesse mais disposta, mas não deu, resolvi encarar, por que era só eu comigo mesma, prendi a respiração e decidi, vou botar essa criança para fora, e fazia força, força, força, uma força que eu não sabia ser possível fazer mas ainda assim nada..
Não era normal, estava em trabalho de parto a 20 horas e nada nem a cabeça da criança, o Pai decidiu pedir pedir uma cesária, coisa que eu achava um absurdo mas naquele momento soava como o paraiso para mim... anestesia? vão me apagar? Demorô, só se for AGORA!, demorou mais 3 horas a aparecer o anestesista, já era quase 22 horas de segunda e ele provavelmente achou que ia dormir mais cedo e por minha culpa não deu... Fui muito bem tratada por ele, implicou com o meu nome por ser kathryn e com minhas contrações ( mas depois fizemos uma ocorrência dele) , eu expliquei a ele que com ocitocina até a alma e mandando eu fazer força por 23 horas o negocio independia da minha vontade.
Enfim fui eu para o centro cirúrgico, e eu estava muito cansada , confesso, eu não queria ver o rostinho do meu filho, ver os olhinhos, boquinha, ver se parecia comigo ou com o pai, eu pedia a Deus a caminho do Centro cirúrgico que tirasse o ônibus de mim para eu morrer, eu queria dormir para sempre!, fui para um centro cirúrgico espelhado, o vidro fumê da outra sala refletia o que estava acontecendo na minha, o anestesista me deu tanto anestesia que ao invés de não sentir nada da cintura para baixo eu não sentia nada do queixo para baixo, pela gravidade não deixaram o pai assistir a cirurgia , e eles tão cuidadosos com isso esqueceram que eu assistia tudo pelo espelho, vi minha pele ser cortada como bife, uma, duas e três vezes, ela cortava com tanta vontade que eu fiquei com medo de o nathan sair cortado, minha pressão a essa altura 70 x 40 e é muito ruim ser entendida das coisas nessa hora, mas foi muito rápido, tão rápido que me deu ódio por me deixarem 23 horas em um trabalho de parto desnecessário , por que não me enfiaram o bisturi antes?
Nathan nasceu ás 22:22h, do dia 25 de julho de 2005, eu até achei ele bunitinho , mas eu a essa altura eu já estava confundindo o refletor do Centro cirúrgico com a luz do túnel ( lembro que até fiquei surpresa por estar entrando no céu tão fácil, sem burocracia nenhuma)
Ai eu dormi, um sono de Rainha, exatas 12 horas depois da cirurgia, acordei com o pai dele tentando equilibrar o Nathan nos meus seios .
Aí eu vi o ônibus, o ônibus mais lindo que eu já vi na minha vida, branquinho demais, mais a cara do pai, pois foi o que me salvou! Eu pedi muitas desculpas a ele por ter feito ele sofrer tanto, e pedi mil perdoes a Deus por ter sido tão frouxa a ponto de querer morrer, fiquei internada 1 semana com ele e ficaria anos se assim fosse necessário , daquele dia em diante , minha vida é só do meu filho , descobri que a força que fiz para ter ele não é nada comparado a força que eu tenho a tudo relacionado a ele, a qualquer pessoa que queira prejudicar ou fazer alguma maldade com ele, a qualquer coisa que ele queira que eu trabalho dias e dias para conseguir comprar, cada noite não dormida que eu chegue em casa e leia uma historia para ele, ao disfarce do meu mal humor, da minha TPM, das coisas que quero dizer mas na verdade tenho que engolir e dizer o que é o correto, tenho força, tanta força hoje que sou capaz de passar por 10 trabalhos de parto como aqueles com 100 estagiários me dando toque, se a recompensa for o meu Nathan, que me beija toda hora, me chamando de princesa, dizendo que me ama do tamanho do espaço sideral , que não vive sem mim, e que a minha barriga é muito legal pois parece um pula - pula... Minha gente amor assim não existe! é só filho que dá para gente .
MUITO REALIZADA. TENHO O QUE EU SEMPRE TIVE MEDO DE NÃO TER, E DEUS ME DEU PERFEITO!
MEU ÔNIBUS HOJE FAZ 6 ANINHOS. CRIANÇA ABENÇOADA!
